#Opinião: "Hombridade no poder e na comunicação"


Eis que, numa rápida parada para pensar o nosso momento atual e escrever esta humilde "coluna" (agora blog, risos), me lembrei de uma interessante aula de "Teoria da Comunicação", ainda na faculdade, em que foi debatido "O poder da comunicação x A comunicação do poder" - acho que era isso, pois escrevo de cabeça (aliás, uma crônica bem escrita e legítima, sempre é escrita de cabeça). Grosso modo, a aula foi uma reflexão sobre a ética necessária diante do que se é "transmitido", dado o poder e a influência que a "Comunicação", ou seja, o "emissor", a "mensagem" e o "meio", exercem entre seus "receptores".

Era um debate fundamentalmente sobre que tipos de argumentos poderíamos usar para vender o produto ou serviço na peça publicitária, em geral. E de como podemos incorrer em crime de "propaganda enganosa", caso divulguemos uma mentira ou uma falsa promessa/resultado, sobre o cliente.

Me lembrei desta aula devido à propaganda nacional de vacinação - de gosto e argumentação duvidosa, para dizer o mínimo - além de outros acontecimentos recentes.

Pois é.

Vejam só, as redes sociais retiraram o "megafone" do homem laranja, assim como, houve um segundo processo de impeachment aprovado e em andamento. Somente após isso, tivemos uma transição pacífica da posse. Até então, Donald Trump usava e abusava de todo o seu "poder de comunicação", para influenciar e insuflar seus apoiadores. No que resultou na invasão ao Capitólio, que assistimos ao vivo pela TV. São os fatos.

Joe Biden, com um discurso em total contraste ao de Trump, validou a máxima de Martin Luther King: "A escuridão não pode expulsar a escuridão, apenas a luz pode fazer isso. O ódio não pode expulsar o ódio, só o amor pode fazer isso". O resultado? Vitória nas eleições, porém, chegou a hora da ação. Explico melhor mais adiante.

Veja o Brasil, com as suas redes de ódio. Fico impressionado em ver como tantas falácias e discursos criminosos (homofobia, racismo, negacionismo, fake news, etc), são propagados e compartilhados cegamente pelos seus seguidores. Praticamente uma seita. O resultado é a polarização. E o que ganhamos com isso? Nada além da exaustão e mortes, falando sobre a peste que nos assola.

Ainda no Brasil, tivemos também, o fiasco da diplomacia, fruto de decisões extremamente ruins (burras, na verdade), e de uma comunicação deselegante, desrespeitosa e mal utilizada. Além disso, houveram as polêmicas sobre o tal "tratamento precoce" e o marketing diante das vacinas.

Pois bem.

Qual a ética existente em se tentar "tomar" o protagonismo do imunizante, seja ele no discurso ou no vídeo publicitário? Qual a ética em indicar um medicamento sem ser um médico ou profissional gabaritado para isso? Qual a ética em se adesivar um avião, sendo que, de fato, não havia nada devidamente combinado? Qual a ética em se utilizar de um "jogo de palavras" para mais confundir que orientar? Qual a ética em se "mendigar" uma quantidade mínima de um produto, ou tentar "confiscar" o produto de outra marca, apenas para "sair primeiro na foto"?

Sejamos justos, houve um trabalho planejado e efetivo, bem como, uma entrega concreta. Nada mais correto, afinal, que o "vencedor" colha os frutos deste trabalho protagonizado.

Falta hombridade aos líderes que estão no poder.

Hombridade no sentido de, ao invés de criticar, reconhecer os erros e se empenhar em fazer algo melhor, superior. A "lacrada", ou a contratação de um marqueteiro, por exemplo, valem mais que o suor do trabalho bem feito. Enquanto isso, o povo e a economia agonizam "sem oxigênio".

Para ser bem claro: a palavra (comunicação), tem poder e engaja (para o bem e para o mal), mas somente os BONS atos e ações, geram resultado. Nada mais óbvio. Além disso, basta olhar: o descaso, as trapalhadas e a omissão estão aparentes. E não se "conserta" isto somente com marketing. É preciso trabalhar! A melhor propaganda do mundo não será capaz de vender um produto ruim. Ela pode até "enganar" num primeiro momento, mas não se sustenta.

Ganhos políticos são, e sempre serão, uma consequência, não o fim em si. Eles são adquiridos após a "entrega", de fato, de um trabalho ou promessa relevante para a sociedade. É impressionante termos pessoas públicas que ainda não sabem ou não entendem isso.

O desafio de Biden está apenas começando, o de Bolsonaro já começou faz tempo.

Um abraço.

Foto: Twitter

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