"Uma caixa de expectativas"


Ganhei um presente inusitado, uma caixa com diversas revistas antigas, particularmente do início do ano passado (tão recentes e tão velhas, mas vejam só). É interessante acompanhar como eram as projeções e as visões de tão pouco tempo passado.

Também é interessante notar como algumas coisas ainda persistem: descaso, embates e atritos desnecessários, além de mentiras e maluquices repetidas à exaustão.

Mas, o que é mais notável, são as expectativas furadas.

Havia um clima de otimismo no ar. Aquela ideia - que eu também ansiava - de que a doença se resolveria em poucos meses e de que a humanidade, assim como, a sociedade, sairia "melhor" após esta provação. Pois é, pobre de nós.

Parecia que sabíamos tudo.

O roteiro estava certo e "azeitado". Governos, empresas e empresários, já tinham suas saídas e convicções para passar por este período conturbado. Trabalhadores e famílias também. Era só "esperar acontecer".

Veio a pandemia e, sem nenhum pudor, derrubou este frágil e miserável "castelo de cartas".

Estado de calamidade, orçamento de guerra, auxílios, socorros e benefícios (necessários), que antes eram vistos com certa resistência, tiveram que sair do papel, na marra. Visões equivocadas e mentiras foram caindo, uma a uma. Além disso, em meio ao caos, houveram demissões e pedidos de saída, para ajudar.

Os nervos se exaltavam. Bastava olhar para qualquer postagem, em sua caixa de comentários, para assistir a um espetáculo, digno do "Programa do Ratinho".

O melhor e o pior do ser humano, veio à tona. Principalmente o pior, eu diria.

Infelizmente, é impossível detalhar tudo em uma pequena "coluna", porém, é inegável ver a queda de tanta hipocrisia e ideias fantasiosas, neste mundo imaginário em que vivíamos.

Enfim, 2021. E o que vemos?

Invasão, barbárie, banimentos (justos ou injustos?), negacionismo, aumento de impostos, fechamentos de fábricas e empresas, jogos de interesse, aumento de salários/privilégios, inflação, ausência de vacina (ainda), ausência de liderança, ausência de reformas, ausência de privatizações, lentidão para se elaborar um mínimo cronograma/planejamento (inacreditável!), crimes, fake news, descaso, omissão, burrice, polarização, irresponsabilidade, ineficiência, incompetência, desrespeito e desigualdade.

Temos também, curados(muitos curados), mortes (muitas mortes, meu Deus do céu!), colapsos, caos, falta de insumos essenciais, novas cepas, repiques, segunda onda, medo em se prestar contas e se explicar, etc, etc, etc...

Sensação de história repetida, né minha filha?

Enquanto os - poucos, porém, úteis - malucos e "passadores de pano" continuam falando e fazendo as mesmas besteiras, a "realidade" segue a sua própria natureza: se impor.

Nós não sabemos nada.

Um abraço.

P.S. 1: Peço desculpas pelo pessimismo, minha gente. Temos sim, uma certa "luz no fim do túnel" com relação às vacinas, mas é preciso lembrar: a pandemia ainda não acabou, mesmo que iniciemos hoje a imunização.

P.S. 2: A quem interessa que a situação permaneça desse jeito?

Comentários

Post mais visto

#Crônica: "Privilégio"

Leia também

#Crônica: "Ele mudou"

#Crônica: "Ih, deu branco!"

#Crônica: Como fazer Deus sorrir?