"Acertô, mizeravi!"


Imagine um ônibus, com 100 lugares. Sobem 100 passageiros e todos ficam sentados. Em uma parada, descem 20 passageiros, porém, sobem 30 pessoas. Como não há lugares suficientes para todos, 10 passageiros tem de ficar em pé, esperando algum lugar vagar. Na próxima parada, descem 50, entretanto, sobem 80. Ficam, agora, cerca de 40 passageiros, aguardando uma vaga. Estão acompanhando o raciocínio?

Pois bem, escrevo isso porque estou espantado em ver o quanto a falácia do "Se morrem 2 mil pessoas/dia, onde estão os leitos desocupados???", rendeu e ganhou força, inclusive, entre pessoas estudadas. Um pensamento tão imbecil que, até então, eu achava que não precisava de resposta.

Para quem ainda não entendeu, lá vai: NÃO ADIANTA VAGAR LEITOS SE O NÚMERO DE CASOS E DOENTES NÃO PARA DE AUMENTAR! NÃO HÁ LEITOS SUFICIENTES SE TODOS FICAREM DOENTES AO MESMO TEMPO!

Como é triste perceber que, diante de uma forte alienação, baseada em mentiras, crueldade e estupidez, as pessoas simplesmente perderam a capacidade de raciocinar. Meu Deus! Apenas pare 10 segundos ao receber uma "lacrada" no seu "zap" e reflita: isso daqui faz sentido? De onde vem esta informação? Isso está sendo dito baseado em quê?

Me lembrei do meme "Acertô, mizeravi!". Um vídeo em que um menino responde tudo errado, mas fica feliz e sorridente, ao ouvir de seu interlocutor, que as respostas estão corretas.

A cada infeliz que concorda ou compartilha este absurdo (Se morrem 2 mil...),  que apareceu nos grupos e redes negacionistas, imagino ele ouvindo: "Acertô, mizeravi!". 

Não sei a história desse garoto do meme e nem o que aconteceu com ele. Peço já desculpas por utilizá-lo nesta crônica. O vídeo pode até ser engraçado, mas o assunto é sério.

Acho que já escrevi isso alguma vez e vale a pena repetir: ninguém é obrigado a ser o especialista da coisa, mas não precisamos ser tão ignorantes.

Um abraço.


Ilustração: Casal de Nerd

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