"Dando uma de louco para cagar dentro de casa"


Tenho um amigo que considero muito sábio. Certa vez, no antigo trabalho, após um outro funcionário responder de modo bem evasivo, se fazendo de desentendido, ele me veio com essa pérola: "Esse cara tá dando uma de louco pra cagar dentro de casa".

Este amigo sempre tem ótimas tiradas. "O gerente é aquele que enfarta no lugar do dono", é outra dele. Mas isso fica para um outro texto.

Muito bem, minha reação, após ouvir esta "máxima" foi: "Hã?".

Ele, muito calmamente, me explicou. Disse que o tal funcionário, sabia exatamente o que acontecera; e também, o que precisava ser feito para resolver o problema, porém, isto faria com que ele tivesse de ficar mais tempo no trabalho e, portanto, para que isso não ocorresse, ele usou aquela boa e velha "tirada de corpo fora" para conseguir, de fato, realizar seus "hábitos de higiene" em sua própria residência.

Demos boas risadas, mas o pepino, sim, o pepino, ficou para nós descascar. Pois é.

Nossa tragédia pandêmica está aí. Há um ano, já. Estamos diante, como já disse Murillo de Aragão, de uma megacrise, que nada mais é do que a combinação de várias crises ao mesmo tempo e que se retroalimentam: temos a crise financeira, econômica, sanitária e social.

Pode incluir nesta lista, a crise política e moral também.

Haja cinismo, arrogância e incompetência (ou seria projeto?).

Neste redemoinho de merda, que fazem os nossos líderes? Os homens e mulheres que deveriam estar empenhados em buscar soluções para o bem de todos? Nada (para não usar novamente a máxima aprendida), ou muito pouco. Age-se, fala-se e troca-se de pessoas como se estivesse tudo às mil maravilhas. Entretidos com o poder, as aparências e a burocracia, eles não estão nem aí (sim, estou tendo de repetir o que escrevi semana passada, para você ver, caro leitor e cara leitora).

E tome mentiras pra lá, intimidações pra cá e os problemas, simplesmente não desaparecem. A realidade, sempre ela, se impõe. Aliás, como bem disse Claudio Dantas, o que tem de "antivax" sendo vacinado por aí é impressionante. Cloroquina para você, vacina para mim. É muita cara-de-pau.

E tem mais!

Desde quando não se pode chamar um genocida de genocida? Um ladrão de ladrão? Um assassino de assassino? Um mentiroso de mentiroso? Um pequi roído de pequi roído? Um covarde de covarde? Um omisso de omisso? Um hipócrita de hipócrita? Um negacionista de negacionista? Um psicopata de psicopata? Um cúmplice de cúmplice? Um pilantra de pilantra? Desde quando, me digam? O mundo está acabando e esse povo não se mexe apenas por conveniência? Ah, me poupem, pelo amor de Deus!

A semana foi pesada. Muito pesada.

Eis que, para coroá-la, não bastassem todas as catástrofes, recebo o seguinte post: "Pensemos. Se morrem 2 mil pessoas/dia, onde estão os leitos desocupados???".

Vai a resposta: ...

...

Sério que precisa de resposta?

Gente sem noção já não me surpreende mais, apenas me cansa. Apoiadores, seja de qual lado for, que não conseguem ter o mínimo de bom senso e decência, idem. Mas a burrice, aah, ela ainda me espanta.

Um abraço.


Ilustração: Laerte - www.twitter.com/laertecoutinho1

Comentários

Post mais visto

#Crônica: "Privilégio"

Leia também

#Crônica: "Ele mudou"

#Crônica: "Ih, deu branco!"

#Crônica: Como fazer Deus sorrir?