"Uma arma poderosa"


Certa vez, o meu xará, André, numa rápida parada para estudos, me trouxe a seguinte máxima: "A dúvida é uma arma poderosa", disse ele. "Experimente fazer qualquer pergunta e, na sequência, após a resposta, diga assim: 'Tem certeza?' ou 'Será?", completou.

Pronto! Aquilo que era claro como água, torna-se uma angústia e, enquanto você não for olhar, conferir, ou fazer uma pesquisa rápida, para confirmar aquela informação, você não sossega.

Sim! A dúvida, realmente, é uma arma poderosa.

Quantas certezas, nestes tempos, estão sendo colocadas em xeque? Se a Terra é redonda, se foi ou não golpe, regimentos internos , CPI's, armas, vacinas, distanciamento, isolamento, lockdown, uso de máscara, etc. Só falta começarem a questionar os hábitos de higiene também. Aí seria o fim! Entendimentos (para ser educado, porque o correto seria "maluquices"), que beiram a falta do bom senso, são falados assim, sem nenhum pudor ou cerimônia.

Do ponto de vista ético, colocar as coisas em dúvida, gera menos culpa, uma vez que, pode-se dizer, busca-se apenas a verdade (mesmo já sabendo dela). É diferente de mentir, por exemplo, porque demonstra apenas a má-fé ou o mau caráter.

Temos um senhor que diz, a cada entrevista que concede, que a epidemia irá acabar dali a duas ou três semanas. Isso já faz mais de um ano. Somente quando reuniram todas as suas falas, em um vídeo, ele parou. Pelo menos por enquanto, após este constrangimento, ele continua calado.

Acho que o constrangimento é a única coisa que funciona contra este tipo de gente, embora, em alguns casos, nem com isso a "ficha caia" e alguns "se manquem", tamanho o grau de alienação ou cara de pau mesmo, falando francamente.

Temos também um jogo sujo, que é comparar uma fala antiga, com uma recente, que tenta demonstrar uma certa incoerência ou contradição. Isso tem que ser olhado com muito cuidado pois, em princípio, parece válido, mas pode enganar sua cognição, tal qual um mágico, que te distrai com uma coisa para fazer outra. É preciso atenção e conhecimento para não cair nestes "truques" e ser manipulado.

A ciência avança e evolui. O que valia antes, pode não valer mais, e o que não era tão importante, pode passar a ser lei, uma vez que, o conhecimento e os estudos, com seus experimentos, métodos e testes, ampliam-se e evoluem. Utilizar uma comparação qualquer, sem levar isto em conta, nada mais é do que jogo de intriga. Além disso, claro, é preciso saber que ainda existem questões sem resposta, principalmente, em se tratando de uma doença nova. Existe uma outra coisa, bem básica também, que é preciso levar em conta: embora não pareça, as pessoas mudam. E como mudam. Opiniões, escolhas, etc, tudo está em movimento. É a vida.

Procurar boas fontes de informação e aprendizado, com credibilidade, é fundamental. Abstrair (atenção aqui!), de tudo aquilo que chega também é imprescindível. É preciso sair do "piloto automático". A máquina de ódio e as fake news estão aí, trabalhando em larga escala e de modo incansável. Porém, colocar em dúvida aquilo que está fartamente comprovado, não passa de uma covardia.

Me permita um pequeno desabafo: eu gostaria muito que eles estivessem certos. Como gostaria. Que fosse apenas uma gripezinha. Que houvessem apenas 800 vítimas (o que já seria uma tragédia). Que daqui duas ou três semanas, tudo terminasse. Que houvessem remédios simples para prevenir e curar. Que usar máscara, assim como, fazer distanciamento e isolamento não tivesse efeito. Que armar a população acabasse com a violência. Enfim, você me entendeu, né? Mas não é assim. Eles estão errados, minha gente!

O debate é longo e o tempo é curto. A quantidade de "zumbis" pode ser pequena, mas o "barulho" que eles fazem é alto. A verdade é que, cedo ou tarde, a realidade se impõe e o preço do negacionismo - e da ignorância, em geral - é a morte.

A sensação que tenho é a de que estamos desaprendendo. Será? Faz tempo que não converso com o André...

Um abraço.


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Ilustração: Macrovector - Freepik

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