#Rapidinhas: "Ping, ping, ping..."

Goteira

Era de manhã, bem cedo. Acabara de acordar e tomar um gole de café. Estava só. A família já havia ido cumprir os compromissos do dia. Como que um milagre, percebeu o silêncio. "Ah! Que maravilha!", pensou.

A medida que envelhecemos, valorizamos mais o silêncio. Já perceberam?

Poucos segundos depois, começou. Ping, ping, ping...

"Meu Deus! Não é possível! Um vazamento!", pensou, já irritado. "Tantos problemas, tantas coisas que estão sendo pagas e agora mais este prejuízo!", blasfemou.

Rapidamente, iniciou uma investigação digna de Sherlock Holmes. "O som está vindo daqui...Não, dali...", sondava.

Ping, ping, ping...

  

Foi para o banheiro. O som ficava mais fraco. Voltava para a cozinha, o som ficava mais forte. Foi para a sala. Novamente, som fraco. Quartos, fraco. "Ok, está na cozinha", concluiu, só faltando dizer: "Elementar, meu caro Watson".

Ping, ping, ping...

Olhou as torneiras, nada. A geladeira, nada. O filtro, nada. Embaixo da pia, nada. O teto, nada.

Ping, ping, ping...

"Não é possível!", gritou.

De repente, quase sem querer, se deu conta. Era o relógio. O bom e velho relógio na parede. Era um tic-tac bem esquisito, é verdade.

Alívio... "Ah!", sossegou, tomando outro gole de café, já frio, após toda a "investigação".

O "ping, ping, ping...", sumira como num passe de mágica, após a conclusão do "grande detetive".

Estamos tão desacostumados com o silêncio, são tantos sons, tantos barulhos, tantos alertas, que um simples tic-tac (esquisito, é verdade), nos faz perder a cabeça, vejam só.

E o dia só estava começando...

Um abraço.

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Foto: Pexels.

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