#Reflexão: "Uma linha tênue"


No restaurante, alguém infeliz bota o celular para cima e ensaia seu melhor sorriso para uma selfie. Após o click, volta o semblante triste, enquanto posta mais uma mentira nas redes sociais. Uma falsa felicidade, observo de longe.

O desafio é grande: ser relevante sem parecer chato e, nesse melê todo, enfiar algumas ofertas para que você clique e compre. Tudo isso, sem interferir ou conflitar com os trabalhos do dia a dia.

Difícil. Difícil mesmo, mas sigo tentando.

O algoritmo, ah o algoritmo! Estamos na mão dele.

Hoje é isso aqui que funciona", dizem os especialistas. Amanhã, tudo muda. "Agora é vídeo, agora é reels, agora é feed, agora é foto, agora é texto...", dizem eles, sempre com uma "thumb" que tem de ter uma frase de impacto e uma foto da pessoa com uma cara de espanto, cara de bobo, cara feliz, etc... (nunca entendi isso).

E, no final das contas, tudo aponta para um curso que você precisa comprar (caríssimo!), para aí sim, "mudar a sua vida".

É minha gente, e assim seguimos, tal como uma manada, buscando algo praticamente impossível, ou pelo menos, para poucos, como o burro que corre para pegar a cenoura pendurada à sua frente e, com isso, puxa a carroça mais longe.

  

Tenho me sentido esse burro ultimamente. Não sei. É tanta coisa acontecendo, tanta gente falando coisas que simplesmente não refletem à realidade que vejo, que acho que está escrito "palhaço" em minha testa.

"Qual a sua desculpa?", o famosão da internet pergunta desafiando a sua cognição. Na boa, a minha é a de que não quero ter um AVC ou um infarto me matando de trabalhar ou tentando agradar gente que finge gostar de mim.

Sociedade do cansaço, precarização do trabalho, chame do que quiser, nomes não faltam. Estamos aplaudindo coisas terríveis como se fossem bonitas. Exemplo: dormir apenas quatro horas por dia. Um horror!

Acho que nessas horas temos que seguir nossa intuição e, claro, ter a humildade em perceber a sutil diferença entre persistência e teimosia. Uma linha muito tênue para se enxergar, é verdade. Mas necessária.

O tolo não é aquele percebe o problema e para de repeti-lo, mas sim, aquele que sabe o que está errado e segue fazendo a mesma coisa.

Me chame de tolo (eu prefiro persistente), mas seguirei aqui, sempre agradecido pela sua companhia.

Claro, sem me matar.

Um abraço.

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Foto: Payette Forward.

Comentários

Teacher Denise disse…
É bom ler algo que tão bem reflete o que também penso.

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