#Crônica: "Decência, ainda temos"
A cena foi vista de longe, e me causou arrepios. Um pintor, com seu compressor, fazia calmamente o seu trabalho junto à uma porta no comércio - bem ao lado de onde meu carro estava estacionado.
A cor que ele pintava a porta: preta. A cor do meu carro: prata.
"Que maravilha!", pensei. "O carro vai ganhar umas manchas na pintura!", gritando em pensamento e serrando os dentes. "Tudo isso para ajudar, só me faltava essa!", já espumando (na minha cabeça), conforme ia me aproximando do lugar.
Qual não foi a minha surpresa - e alívio - quando me deparei com meu carro "envelopado" por um grande plástico preso por fitas adesivas.
Achei aquilo de um respeito tão grande (coisa rara hoje em dia), que fiquei boquiaberto.
"Opa, vou sair com carro", disse para o gentil pintor. "Ah sim, eu cobri ele para não sujar", me respondeu com um sorriso. "Olha, rapaz, eu fico muito agradecido por isso, viu? Muito obrigado e um bom trabalho aí pra você", me despedi também sorrindo.
Decência, ainda temos. E como ela é bonita.
Essa pequena cena, por mais banal que pareça, renovou minhas esperanças na humanidade. Apesar de todas as barbaridades que vemos dia sim, dia sim, o mundo ainda tem jeito, minha gente.
Sabe aquela frase de que "se todo mundo fizer a sua parte, construiremos um mundo melhor"? Por mais clichê que ela seja, acho que é correta e verdadeira. "Depende de nós", também é outra já bem batida, coitada. Mas, ambas, são reais e merecem ser aplicadas e lembradas no nosso dia a dia.
Infelizmente, na pressa, acabei não perguntando o nome do pintor, mas quero aqui, agradecê-lo e parabenizá-lo pelo grande exemplo e capricho na execução de um trabalho.
Foi lindo. De verdade.
Um abraço.
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Não posso deixar de homenagear o meu amigo Luis Henrique Neves, o Kike, que nos deixou recentemente. Sua partida, tão precoce, me fez repensar toda esta nossa vida. Daquilo que vale e não vale a pena.
Descanse em paz, "moleque bom".
Você vai fazer muita falta.
Um abraço.
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