#Crônica: "Olha o tom!"
Nossa língua portuguesa é impressionante. Temos frases exatamente idênticas, mas que, dependendo do tom e do contexto, acabam tendo significados completamente diferentes.
Por exemplo: "Sua hora vai chegar!". Ela pode ser usada tanto para o bem, "Tenha fé, sua hora vai chegar!", quanto para o mal, "Pilantra, sua hora vai chegar!".
Ok, o exemplo não foi "exato" como disse acima, mas você me entenderam.
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Mais do que o cuidado com "o quê" se fala, precisamos ter cuidado em "como" se fala. Tudo isso para evitar ruídos e problemas na comunicação.
Isso vale para o que se é falado e, principalmente, para o que se é escrito.
Fora o tom, temos ainda um outro problema: a cacofonia.
Tem um perfil, no Instagram, em que o humorista @JaoVito_Mello trabalha muito bem estes perrengues de contextos e cacofonias. A esquete "Você sua" é impagável e vale muito a pena conferir (dica do precioso Rafael Pereira. Valeu, querido!).
Vendo estes vídeos, me lembrei de quando trabalhava em uma usina metalúrgica onde, dali a alguns meses, eles iriam lançar uma nova linha de guidões para motocicletas. Meu trabalho, junto com a equipe de vendas, era o de nomear esta nova linha de produtos.
A gerente, um tanto quanto ingênua, resolveu solicitar sugestões de nomes junto aos funcionários. Após a coleta das ideias, foi feita uma nova rodada votando qual seria o melhor nome, junto a estes mesmos colaboradores.
Qual não foi a minha surpresa ao verificar que o nome ganhador era "Power". No que rebati imediatamente que este não seria possível, pois haveria a cacofonia "Power Guidões" para "Pau Erguidões".
"Tomas Turbano", "Wou Lin Rabar", "Deyde Costa"... a internet está recheada destas pegadinhas e os comunicadores precisam ficar atentos para não passar vergonha no ar.
Infelizmente, não pude ver o resultado do trabalho com os guidões, fui demitido antes (vai discutir com o chefe, vai). Mas, creio que aquele nome, de gosto muito duvidoso, não vingou.
Fui derrotado, mas saí de "cabeça" erguida, com o perdão do trocadilho.
Um abraço.
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