#Crônica: A culpa é nossa
Ponto comum: a internet não é a economia da atenção, é a indústria dos cliques. O clique é o que importa, não é o conteúdo e nem a qualidade. Clicou, já era, bora pro próximo.
Digo isso com tristeza, pois, a única conclusão que consigo tirar deste cenário é a seguinte: a culpa é nossa.
Por que conteúdos ruins são mais entregues do que conteúdos de qualidade? Porque a gente clica.
Por que a fofoca, a fake news, chega mais longe do que a verdade? Porque a gente clica.
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Sim, eu sei que "qualidade" é algo relativo e pessoal, antes que alguém venha querer "lacrar" pra cima de mim. Mas o ponto que quero abordar aqui é outro, meu sereno leitor e minha paciente leitora.
Vou dar um exemplo pessoal, não que eu seja a régua moral para medir alguma coisa, mas é apenas algo que notei e quero compartilhar: comecei a repostar, em meu canal no YouTube, alguma cenas de pegadinhas, as famosas "Pranks", em que o ator, usando um brinquedo, simula peidos em um parque.
Qual não foi a minha surpresa ao ver os números crescerem vertiginosamente.
Acho o peido engraçado, diria até que é a única forma genuína e inclusiva de humor (afinal, todo mundo peida, não é mesmo?), mas o ponto aqui é: por ver os números melhorarem, e muito, me senti tentado a postar mais.
Dane-se o nicho, a essência, a estratégia, nessa hora, o "clique" falou mais alto.
Você acha que isso não acontece com qualquer veículo/influencer/empresa/etc?
Num simples teste A/B, vai se repetir aquilo que funcionar mais, não é a lógica?
Pois é.
O reflexo disso? Nem preciso dizer, o noticiário, o conteúdo em geral, os números, estão aí, para quem quiser ver.
Vivemos em sociedade, com regras, direitos e deveres e a internet, é preciso lembrar, não é "terra de ninguém".
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Tá, mas qual é o limite?
O limite quem dá somos nós, através do nosso consumo, do nosso "clique". Portanto, se quisermos que as coisas "melhorem", precisamos melhorar o nosso uso e o nosso comportamento.
Como disse, a culpa é nossa.
Não creio que a tal da "regulação" seja a resposta certa para este "problema".
A mudança, de fato, começa por mim e por você, não tem outro jeito.
Escolha bem o que vai consumir, pense antes de clicar, porque a porcaria vai chegar até você, não adianta, mas o "clique", ainda, está na sua mão.
Clique com sabedoria.
Um abraço.
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