"Vale a pena?"


Vocês também perderam amigos nesta pandemia? Digo, não no sentido de morte, mas no de amizades desfeitas, seja por idiotice ou pela falta de respeito. Sim ou não?

Acho que todos perdemos. Nos dois sentidos, aliás.

No meu caso, no sentido inicial, alguns apenas deixei de seguir, os piores foram bloqueados e, outros, simplesmente apertei o botão "desfazer amizade", sem hipocrisia.

Foi como tirar um pesado fardo das costas.

Inclusive, defendo que você também faça isso, se ainda não o fez. É libertador. Precisamos deixar de ser escravos dos outros. Aquela coisa de ter que dar satisfação de tudo o que se está fazendo, sabe?

Comecei a escrever para não enlouquecer. Estávamos vivendo um momento em que coisas absurdas eram ditas e feitas, sem que houvesse um abençoado que falasse: "Isto está errado!".

Não que tenha parado. Não parou. Mas hoje, vamos dizer, o povo está mais esperto, eu acho.

Buscar informações em boas fontes, respeitar os vieses e seguir sempre no sentido do entendimento, é um bom começo. Sempre que escrevi, defendi aquilo que acho certo. Minha indignação também foi sempre exposta. Devo ter ficado mais chato e alguns devem ter agido de modo igual comigo (bloquear, deixar de seguir ou desfazer amizade), mas quer saber? Dane-se! É do jogo.

Certa vez, logo no começo, ao emitir uma opinião, um "amigo" mandou essa: "Só que ela não muda nada. Chora mais, coleguinha!". Impressionante! Minha reação foi não ter reação. Estava, naquele momento, chocado com a ousadia e grosseria deste ser. Aquilo não era uma brincadeira. Ele falava sério.

Um texto pode mudar o mundo? Não sei dizer. "Talvez" ou "depende", deve ser a melhor resposta. Poderia entrar num tratado todo técnico sobre o "meio e mensagem", mas não estou afim.

Depois, em outras ocasiões, ainda tentei argumentar, mas era perda de tempo. Se distanciar, física, digital e intelectualmente foi a melhor saída.

De lá pra cá, a coisa só veio descambando. Os seres ficaram, cada vez menos, humanos. A tal da polarização contaminou a sociedade. Em certos casos, a coisa foi para as vias de fato. E ficamos nesse "esquenta e esfria" a cada nova maluquice ou nova mentira.

Lembrei de tudo isso vendo as pressões para que se tome vergonha na cara e comece a trabalhar. Foi porrada de todo lado. Não sei dizer se tudo isso vai funcionar. Fora que, toda esta força, chega com um ano de atraso.

Como ficará a cara de um reaça ao ver, em breve, o seu líder ser vacinado? Como ficará a consciência de uma pessoa que defendeu o indefensável? Como fica a cabeça de um sujeito depois que a "ficha" cai?

Isso também vale para mim.

Tenho hombridade e capacidade suficiente para dizer: "Eu errei, estou arrependido, peço perdão". E farei isso sempre que for o caso, porque é necessário. Não sou arrogante para dizer que "não erro nenhuma".

Haverá consequências? Sempre haverá. Em tudo. Até no "não fazer".

Vale a pena? Vale.

Uma opinião, um texto, pode não mudar o mundo, mas é um alívio saber que fiz a minha parte.

Outros textos da semana estão aqui e aqui.

Um abraço.

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Foto: Mike Tinnion - Unsplash

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